Você já ouviu falar de PAHs, os Portadores de Altas Habilidades?
por Andréah Dorim
Superdotados? Ah! Sei! Aqueles geniozinhos de óculos fundo-de-garrafa, sempre com um livro embaixo do braço, tirando as melhores notas da classe...? Não, nem sempre. Crianças prodígio? Alguns. Nerds? Se a habilidade for na área da computação, talvez apresentem características parecidas. Habilidades acima da média, fora do esperado, são inúmeras, e inúmeras são suas manifestações. Por isso os Portadores de Altas Habilidades são muito heterogêneos.
Quais suas características em comum?São estudantes que absorvem conhecimento mais rapidamente que a maioria dos colegas, principalmente quando interessados pelos temas abordados. Possuem raciocínio lógico muito aguçado e compreendem com perspicácia as relações, teóricas, interpessoais, sociais ou de linguagem. Ah... na minha sala não percebo nenhum estudante assim... aqui tem muito aluno indisciplinado, isso sim.
Esses estudantes, por apresentarem comportamentos diferentes do padrão, têm sido discriminados por parte de colegas e professores, tachados de chatos questionadores, inoportunos, antissociais, isto quando não são medicados erroneamente como hiperativos, ampliando neles a sensação de solidão, impotência e desânimo.
Os PAHs, ou são indisciplinados ou são invisíveis; cada um reage como suporta. Alguns cumprem as exigências e passam sem qualquer problema pelo olhar do professor, sem entretanto se desenvolverem adequadamente. Agora mais esta! Portador de Alta Habilidade... São tantos os estudantes, e cada um com um problema...
Ser Portador de Alta Habilidade não constituiria um problema se fossem aceitos, ouvidos e inseridos de maneira mais orgânica no processo de aprendizagem. Algum estudante seria um “problema” se fosse verdadeiramente compreendido? Os PAHs também precisam ser reconhecidos, respeitados em suas peculiaridades e desafiados em suas habilidades. Precisam ser encaminhados para centros de apoio, com uma estrutura apropriada em intercâmbio com a escola formal. Se assim não for, acabarão sofrendo emocionalmente, desinteressando-se pelos estudos, embotando seu brilhantismo, e privando-nos de suas descobertas e realizações surpreendentes.
Andréah Dorim, mestre em Artes pela USP e arte educadora, integra o “Grupo para o desenvolvimento de PAHs”, coordenado por Cristina Colavite, psicóloga e especialista em identificar e desenvolver PAHs há mais de 19 anos.